domingo, 7 de dezembro de 2008

Reflexões sobre o perfil dos nativos digitais

Duas opiniões para reflectir.....
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"O estudante, na sua condição de estudante digital, numa escola do séc. XXI, é um parceiro activo na aprendizagem, produtor de conhecimento e media, mas a sua existência ainda acontece em contextos escolares onde o estudante é considerado um mero receptor e consumidor passivo de informação, em modelos de aprendizagem normalizados, em escolas de dificil ou reduzidas práticas de interacção, onde os professores orientam o ensino-aprendizagem em aulas expositivas, em unidades isoladas, em que o trabalho colaborativo pouco existe, etc., etc.
Há um desfasamento entre o perfil psicológico e social do aluno digital e o potencial da sua participação na sua própria aprendizagem, a qual poderá acontecer em qualquer lado - escola, casa ou espaço cultural (uma das grandes vantagens do digital, até para o professor) - uma vez que o digital está ligado à mobilidade e não à ideia de espaço isolado. Nesta fase de mudança o professor é um elemento em transição para o digital, mas ainda subsiste, felizmente, como o elemento base do conhecimento. Também ele (e, sobretudo ele), não tem competências digitais, mas tem o conhecimento e a informação pelo seu lado. A ele compete-lhe adaptar-se às necessidades do estudante, usando o meio digital em pleno e não como um instrumento de auxílio. O estudante digital apresenta-se numa situação contrária, sem conhecimento mas com à vontade digital.
A integração da informação compete ao professor, como mediador, que terá de mergulhar nos ambientes digitais dos seus alunos. Aprender com eles (não é o estudante digital um elemento activo na aprendizagem?) é o primeiro passo que terá de dar. Outros acontecerão, que o digital não é um fim mas um meio, o mais importante de todos, também por ser o mais motivador para os alunos. A informação, essa sim, é uma finalidade, para ambos, receptor e transmissor, e aí a desvantagem cai para o lado do receptor. No entanto, é para os professores que está reservado o maior esforço de adaptação. " José Alberto Moreno

"O que me parece mais interessante verificar, nesta análise que foi feita, com maior ou menor integração de informação, mas próxima no seu conteúdo, de todos os trabalhos, é algo que todos os participantes neste fórum já verificaram e apontaram por diversas vezes: a dificuldade que os alunos têm em utilizar a destreza que revelam no uso das novas tecnologias na produção de trabalhos de qualidade para a escola. Mas o que me parece mais premente é isto: a dificuldade que os professores têm (e que agora é mais dramática, visto que o acesso à informação é mais fácil e directo) em dar aos seus alunos orientações eficazes para que os seus trabalhos vão ao encontro do que pretendem. Esta questão tem sido apontada não apenas nesta disciplina e todos aqui somos sensíveis a ela, sobretudo enquanto coordenadores de BE que recebem todos os dias alunos que têm de fazer trabalhos sobre "o mar", "o corpo humano" ou "Camões", sem mais nada, uma única orientação, especificação. A tentação do copy paste é forte demais para ser posta de parte. A capacidade de discernimento, de selecção da informação, de transformação da mesma em conhecimento não é inata nos alunos, temos de ser nós, com ou sem Internet, a facultar-lhes os meios para que a adquiram. É claro que dá muito mais trabalho facultar aos alunos orientações concretas, quer sobre os conteúdos quer sobre o formato dos trabalhos que querem dos alunos, mas o sucesso dos mesmos depende de nós. E, por muito imigrantes e pouco nativos que sejamos, o bom senso, a experiência no uso do pensamento e do raciocínio, a capacidade de ajudar os alunos a desenvolverem para si estas competências, dependem de nós, professores. Temos de tornar as novas tecnologias nossas aliadas e não queixarmo-nos de serem nossas inimigas. Não se trata de sermos seguidistas, de abandonarmos os nossos conhecimentos e as nossas exigências junto dos alunos, como a certa altura pareciam (para alguma irritação minha, devo dizê-lo) sugerir os textos que lemos, trata-se antes de usarmos as ferramentas novas de que dispomos a nosso favor. Prestando atenção às novas características dos nossos alunos nativos digitais, adaptando métodos de trabalho, de abordagem dos conteúdos, mas nunca caindo em facilitismos inúteis e nocivos. E este caminho é longo, não se faz "de uma penada". Temos muito/tudo para aprender. Com os miúdos, também. E eles connosco." Teresa Guerreiro
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Imagem retirada de: http://www.glasbergen.com/, a 07/12/2008

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